sexta-feira, 13 de setembro de 2013

A flor que brota no asfalto

Acordar cedo, levantar e trabalhar com o céu ainda escuro é o que mais se vê pelas estações ferroviárias e terminais rodoviários. As pessoas são reconhecidas por números em vez de seus nomes: R.G., C.P.F., R.A., C.N.H., REGISTRO TRABALHISTA e afins. Humanos são raros, existem atualmente ROBÔUMANOS; no sentido figurativo de atitudes robóticas em auxiliar alguém necessitado ou também pelos que têm uma vida mecanizada: trabalho, casa, dinheiro, dívida, estresse e doenças.
A janela está aberta nitidamente para que todos vejam: desigualdade social, desvio de verba, agressão ao meio ambiente,violência aos idosos e às crianças, relações familiares esquecidas (como um casamento duradouro, filho que o respeita pai ou um almoço com todos reunidos à mesa)... Mas não é hora de pingar o colírio nos olhos para desembaçar a visão? No Brasil, crianças são vendidas e traficadas pelos próprios pais a troco de dinheiro ou até mesmo para se livrarem daquelas; meninas se prostituem para sustentar a família com o que ganham. Ainda existe luz no fim do túnel? Particularmente hoje, a sociedade brasileira no se que refere à ESCOLHA E LIBERDADE DE EXPRESSÃO é um paraíso - política, econômica e socialmente comparado ao período da Segunda Guerra Mundial e à Ditadura Militar.
Em o “Grande Ditador”, de Charles Chaplin, é citada a necessidade dos sentimentos humanos, do resgate de SER HUMANO. Ao se deparar com a Segunda Guerra Mundial, fez o filme implicitando com humor críticas sociais intensas. E o que 1939 a 1945 (Europa) tem a ver com 2013(Brasil)? Tudo, quando o assunto é o desejo de alterar o futuro do país.
Na Segunda Guerra Mundial, na Ditadura Militar no Brasil e no Fascismo de Mussolini, as pessoas eram reprimidas e obrigadas a viver tudo o que remetia ao Governo Militar Autoritário. Sequer pensasse em manter uma sociedade livre de preconceitos, sem “raças perfeitas”, cada um vivendo na sua diferença, comunista ou anarquista haveria tortura, campos de concentração de gás e muitas mortes de inocentes. Chaplin, em seu filme, acima de tudo prega a esperança, a fé (inserindo até um trecho bíblico de S. Lucas, cap. 17, onde a fé é relatada como a salvação de tudo) como se pode ver nesta parte de seu discurso: “Os homens que odeiam desaparecerão, os ditadores sucumbem e o poder que do povo arrebataram, há de retornar ao povo.” E retornou.
Porém, não bastará apenas a demagogia de uma sociedade democrática, contudo é necessário que todos se unam e com amor àquilo que se chama VIDA façam protestos a favor de aumento de salário, melhor educação, saúde, transporte público, qualidade de vida física, mental e emocional, trabalhos mais humanos e artísticos, até mais valorizados porventura em penitenciárias (porque a arte também pode transformar e abrir horizontes). Seres humanos não são insignificantes; são racionais, sentem e pensam e em se tratando do Brasil, são livres. Para incitar a evolução e a eficácia de uma sociedade, é necessário resgatar o amor ao próximo e nas pequenas coisas há muito esquecido. Retomar ao princípio de que humanidade não é ser chefiada ou liderada sem um porquê, mas sim compartilhada. A base inicial é nas escolas; lutando para que o educando possa mudar a visão e o educador volte a amar aquilo que estudou para fazer: ENSINAR. Precisará da audácia e ousadia de enfrentar o desconhecido (sobretudo, os alunos mais necessitados e com problemas familiares) e mesmo que haja obstáculos não desistir no primeiro, prosseguir até que a missão esteja cumprida e enxergar como Drummond uma flor brotar no meio do asfalto, descrito no poema “A Flor e a Náusea”.