terça-feira, 8 de março de 2011
As aparências enganam
Só porque eu usava um chinelo. Eu usava um chinelo e ela um scarpin. Isso diferenciava... Mas poxa, o que isso tinha a ver? A luta de classes. Era só um hospital, pessoas num mesmo estado de emergência e outras precisando de mais atenção. Mas ainda assim, porque ela usava um scarpin e roupa social foi primeiro. Porque é claro, é justamente pela aparência que se mede a necessidade do atendimento médico, não é? É pela aparência que julgam seu caráter, seu conhecimento e sua quantia de dinheiro. Eu poderia ter uma BMW ou um Porsche e estar usando chinelo... E daí? Isso na verdade não importaria, porque eu fui a última a ser atendida. Mais uma vez, é inegável que a aparência é algo extremamente influente nos dias de hoje. Eu só precisava ser atendida e mais pessoas também. Mas o quesito "refinado" importava mais, e importa sempre, é claro. Aprecio sim um scarpin, roupas bonitas e não estou julgando quem usa pois também uso... A questão é que poderia estar andando com roupas rasgadas que eu não mudaria quem sou. Se usasse um Ipanema ou Havaianas, qual a diferença? Os dois calçam meus pés e sinceramente, não interferem em nada nos meus princípios. Mas as pessoas se deixam levar por tal. Julgam mas não olham para o próprio jeito. Uma vez entrei numa loja com minha mãe... Presenciamos uma cena e tanto. Um senhor completamente humilde, vindo de um "sítio", aparentemente "chucro" (como disse a vendedora) queria o jogo de tapeçaria mais caro. A vendedora então o chamou num canto e o humilhou, pedindo perdão e que aquele se retirasse da loja pois causaria um vexame... Porque não poderia pagar. Ele tirou um maço de dinheiro do bolso - que não era pouco- e só falou a ela: " Minha senhora, não julgue pela aparência. Hoje você teria uma fatura e tanto, mas depois do tratamento que recebi na loja por minha vestimenta, sinto muito, mas nunca mais coloco meus pés aqui." Pois é. As aparências enganam e um bocado sabe? Ele era educado, gentil e refinado. A diferença é que sua vestimenta estava um pouco suja, calçava chinelos e um chapéu de palha. Mas ninguém tinha o direito de julgá-lo por isso. Só que se não tentarmos mudar coisas desse tipo, que parecem comuns aos olhos de alguém que não "critica" a sociedade consumista e alienada em que vivemos, jamais conseguiremos fazer a diferença.
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