O vento soprava manso, levando e trazendo o balanço. Não, ele não fazia isso sozinho... havia uma garotinha também.
Ela chorava e tiritava. Lembrava do quanto era bom ter uma família quando todos se foram e deixaram ela naquela situação. Extremamente só, e com uma boneca de porcelana, sua melhor companhia.
- Vamos Cathy, empurre o balanço, força menininha linda. - dizia para a boneca com uma voz tão angelical que quem estivesse ali, presenciando tudo, teria vontade de adotá-la e aconchegá-la ao peito; falava isso com uma lágrima pequenina, parecendo uma gotinha de orvalho escorrendo em seu rosto delicado e branco.
E sofria muito pelo visto. Não a toquei, não procurei me informar (o que sabia era somente que ela estava órfã)... Vai que ela me achasse uma estranha e fugisse assustada! Preferi tirar uma foto escondida, e deixar um cobertor ao lado da árvore; quem sabe ela o pegaria naquela noite tão fria.
Fiquei observando atrás de um tronco e vi que ela ainda conversava com a boneca; mas avistou o cobertor e um macinho de dinheiro enrolado nele... Pegou, se cobriu e chorou; mas desta vez de felicidade. E adormeceu abraçada na boneca. E o balanço continuava seu percurso mecanizado: ia para um lado, voltava por outro, ia para um lado, voltava por outro.
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